Atual ocupante: Fernando Cosmo Rizzo Assunção
Henrique Charles Morize
Francês, naturalizado brasileiro, Henrique Charles Morize (1860-1930) é um nome expressivo no que se refere à pesquisa e à divulgação científica no Brasil. Desde o final do século 19, realizava atividades nessa área – fez parte, por exemplo, da equipe que criou, em 1886, a Revista do Observatório – e manteve-se atuante no início do século seguinte. Escreveu diversos artigos de divulgação científica sobre temas da astronomia, em particular cometas, e das geociências.
Formado em engenharia industrial, atuou também como astrônomo, tendo sido diretor do Imperial Observatório do Rio de Janeiro. Foi fundador e primeiro presidente (cargo que exerceu por três mandatos consecutivos) da Sociedade Brasileira de Ciências (atual Academia Brasileira de Ciências) – instituição que, segundo ele, tinha como função “espalhar a importância da ciência como fator de prosperidade nacional”.
Em 1896, foi nomeado professor interino da Escola Politécnica do RJ e, dois anos mais tarde, aprovado no concurso para professor de física experimental daquela instituição. Em 1919, chefiou a missão brasileira para a observação do eclipse solar total em Sobral.
O cientista defendia a ideia de que o apoio e a vontade política dos governantes de uma nação eram imprescindíveis para que o desenvolvimento científico do país pudesse deslanchar. Divergia da ideia de alinhar a ciência aos interesses das elites e de desenvolver uma ciência aplicada e buscava, com isso, assegurar em todas as instituições onde atuou a consolidação e desenvolvimento da ciência pura. Ou seja, uma pesquisa desinteressada, que não visasse atender, de imediato, aos objetivos práticos.
Por isso, fazia parte de um grupo de intelectuais e cientistas, atuantes no início do século 20, que tinham como propósito a valorização da pesquisa básica. Eram professores, cientistas, engenheiros, médicos e outros profissionais liberais ligados em geral às principais instituições científicas e educacionais do Rio de Janeiro. Entre eles, além de Morize, estavam Miguel Ozorio de Almeida e seu irmão, Álvaro, além de Manoel Amoroso Costa, Juliano Moreira, Edgard Roquette-Pinto, Roberto Marinho de Azevedo, Edgard Süssekind de Mendonça, Lélio Gama, Teodoro Ramos, Francisco Venâncio Filho e outros.
Para Morize, a ciência pura no Brasil era recebida ou com indiferença ou com hostilidade, principalmente por não contribuir com o enriquecimento rápido do país. Juntamente com outros cientistas, ele queria modificar este quadro e entendia que, para tanto, era necessária a divulgação maciça, para o público em geral, dos novos conhecimentos científicos.
Fontes:
DANTES, Maria A. (org.). Espaços da ciência no Brasil – 1800-1930. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2001.
MASSARANI, Luisa. A divulgação científica no Rio de Janeiro: Algumas reflexões sobre a década de 20. Rio de Janeiro: IBICT e UFRJ, 1998. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Instituto Brasileiro de Informação em C&T e Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.
VIDEIRA, Antonio Augusto Passos. Henrique Morize e o ideal da ciência pura na República Velha. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2003.
http://www.fiocruz.br/brasiliana/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=153&sid=30