Posse: 1992
Cadeira: 58
Patrono: Edmundo Macedo Soares e Silva
Fernando de Mendonça
Nasceu em 2 de dezembro de 1924 na cidade de Guaramiranga, no Ceará. Após o ginásio no Liceu do Ceará (1937-41), ingressa na Força Aérea Brasileira, em 1943. Em 1945, foi designado para o grupo de Bombardeio do Recife, onde fica até 1948. Deste ano até 1951 trabalha na Diretoria da Aeronáutica Civil, onde chefia e colabora na organização do serviço de inspeção e exames para pilotos civis. Em 1951, ingressa na Escola de Aeronáutica no Campo dos Afonsos (RJ) com o propósito de se juntar à equipe permanente de pilotos. Completa o curso teórico em janeiro de 1954 em segundo lugar dentre um grupo de mais de 100 oficiais.
De 1954 a 1958, completa o curso de Engenharia Eletrônica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), laureado com “Summa cum Laude”, recebendo o maior prêmio outorgado pelo Instituto desde a sua fundação. Em 1958, junto a um colega de classe, obtém o prêmio máximo da Shell por planejar e construir a Minitrack Mark II, para acompanhar satélites artificiais. É promovido à Primeiro Tenente. Em 1959, obtém bolsa da Capes para um curso na Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Em 1961, após concluir o curso no tempo mínimo de três anos, recebe o título de PhD no campo de Radiociência. A sua tese teve menção especial do Comitê de Estudos da Pós-graduação da Universidade de Stanford.
Seus estudos experimentais do curso de doutorado foram conduzidos com o apoio da NASA, a agência espacial americana. Durante o ano de 1962 assume a posição de associado de pesquisa no laboratório de Radiociência da Universidade de Stanford, participando do programa científico da NASA em sua especialidade. Ao mesmo tempo representa a Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CNAE) nos Estados Unidos, preparando o programa de pesquisa científica da CNAE, submetendo propostas para pesquisas a organizações do governo americano. Formou equipes e iniciou o laboratório de física espacial da CNAE. Foi promovido a capitão engenheiro de aviação em 1963.
Em 1963, auxilia o Estado Maior da Força Aérea na criação de um grupo de estudos e projetos especiais, tendo como resultado a construção da Base de Lançamento de Foguetes da Força Aérea no Rio Grande do Norte. Foi Diretor Científico da CNAE, Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais, embrião do INPE, tendo participado de todas as etapas de sua criação, desde obras físicas à busca de pesquisadores interessados em trabalhar no emergente programa espacial brasileiro.
Primeiro diretor geral do INPE (1963-1976), foi responsável pelo treinamento de um grupo de pesquisadores brasileiros em física espacial. Em sua homenagem, o auditório do Laboratório de Integração e Testes (LIT) do INPE leva o nome de Fernando de Mendonça. Em 1965 obteve da NASA todo equipamento necessário para a base de lançamento de foguetes e conseguiu um período de treinamento para os membros do GETEPE e CNAE nos laboratórios da agência espacial americana. Ainda em 1965, organizou e obteve fundos estrangeiros para o Segundo Simpósio Internacional em Aeronomia Equatorial, sediado em São José dos Campos, que reuniu mais de cem cientistas de vinte países.
Em 1966 consegue a expansão de projetos e novos programas de cooperação nos Estados Unidos (GRANADA, POEIRA, EXAMETNET, NEUTRON, AEROBEE) e na Alemanha (teste do Satélite Alemão). Tais projetos estavam sendo executados na Base de Lançamento de Barreira do Inferno. No mesmo ano coordena as atividades no Brasil de Observação do Eclipse total Solar em 12 de novembro de 1966. Quinhentos técnicos, bem como cientistas brasileiros e estrangeiros, participaram do evento. Foi condecorado com medalhas por tempo de serviço, pela companhia no Atlântico Sul, mérito Santo Dumont, prêmio da Força Aérea Brasileira e mérito da Aeronáutica.
Fernando de Mendonça promoveu o intercâmbio de cientistas na América latina e publicou vários artigos. Durante 1967 coloca em execução um programa em colaboração com a França e coordena um programa para aplicação de sensoriamento remoto no Brasil. Foi destaque na década de 1960 pela revista Vectors, publicação interna do complexo industrial americano Hughes Aircrafi Company, como responsável pelo avanço das telecomunicações no Brasil, em especial na área de teleducação. De outubro de 1976 a fevereiro de 1977 estagiou no International Institute for Applied Systems Analyses (IIASA), em Viena (Áustria). De 1977 a 1982 foi Diretor Executivo da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), tendo dirigido a formação de centenas de doutores na Alemanha para o Programa Nuclear Brasileiro. Desde 1983, atua no setor privado, na área de telecomunicações via satélites e representações no setor espacial.