Titulares

Posse: 1993

Cadeira: 146

Patrono: Luiz Collier

 

Cesar Cavalcanti de Oliveira

 

Formado em Engenharia Mecânica, o Acadêmico Cesar Cavalcanti de Oliveira se especializou em questões de mobilidade urbana – assunto que preocupa gestores e também os moradores das grandes cidades. Especialista em Planejamento de Transportes pelo Banco Mundial, o engenheiro acredita que o caos urbano em que vivemos é resultado da escolha pelo investimento em rodovias. “Um exemplo é a cidade de Brasília, muito bem projetada para o uso intensivo dos automóveis particulares, mas que, por conta do crescimento desmedido da própria cidade e da frota de automóveis, hoje apresenta um tráfego congestionado, poluente e estressante”, diz.

A situação de Brasília se repete em todas as capitais e na maioria das cidades com populações superiores a 500 mil habitantes. As principais consequências desse exacerbado uso do carro particular, são a perda de tempo nos deslocamentos diários, o desperdício de combustível, a contaminação atmosférica, a poluição visual e sonora da cidade e os sinistros de trânsito.

Foi Consultor de diversas empresas e órgãos públicos como o GEIPOT, bem como entidades NGO, como a Associação Nacional de Transportes Públicos – ANTP, da qual foi Vice-Presidente (e onde ainda atua como Coordenador Regional Nordeste) e a Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes – ANPET, onde foi Diretor Técnico. Nesta condição de Consultor, atuou em países da América Latina (México, Equador, Colômbia, Venezuela e Honduras) e da África (Angola, Ghana e África do Sul).

Consultor Senior nas empresas LOGIT e ATP Engenharia, especializadas em projetos de engenharia com foco nos setores de infraestrutura e transportes, o Acadêmico Cesar Cavalcanti conhece bem a questão da mobilidade urbana. Atuou na subdiretoria Executiva do Departamento de Terminais Rodoviários de Pernambuco e foi Coordenador de Transportes do Instituto de Planejamento de Pernambuco (Condepe), onde alcançou a Superintendência Geral entre os anos de 1979 e 1982, quando conseguiu Bolsa de Estudos do CNPq e viajou aos US para fazer o Doutorado. Como professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) lecionou a disciplina de Transportes Urbanos no Curso de Especialização em Desenvolvimento Urbano-CEDU II, que evoluiu para o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano – MDU (o primeiro do país nesta área) e ensinou no Curso de Arquitetura e Urbanismo do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, onde foi subchefe (durante três anos) e chefe (durante cinco anos).

Formado também em Economia, com mestrado pelo Imperial College of Science and Technology, da Universidade de Londres, e Ph.D pela Universidade Politécnica de New York, o Acadêmico Cesar Cavalcanti afirma que é preciso diversificar a matriz das alternativas de transporte oferecidas à população, privilegiando os modos de transporte não motorizado e coletivo, que causam menos consequências negativas e cobrando dos modos individuais (carros particulares e motos), os custos decorrentes de sua utilização.

Para o especialista, no futuro devem prevalecer os modos não motorizados (especialmente, a caminhada e o ciclismo), complementados pelo transporte coletivo (fundamentado nos veículos sobre pneus e ferroviários e outras modalidades adequadas a situações peculiares de cada cidade – barcas, teleféricos, etc.) e, minoritariamente, pelos táxis e pelo transporte individual.

“Em termos tecnológicos, muitas inovações estão por acontecer, acenando para uma nova era da mobilização urbana, na qual a segurança será aumentada (estradas inteligentes, carros com direção autônoma, sistemas anticolisão, etc.), o conforto e a conveniência das viagens redobrados (veículos coletivos com climatização, assentos mais confortáveis, eliminação do jerk e dos degraus de acesso, etc.) e o consumo de recursos naturais não renováveis, praticamente eliminado (tração elétrica por meio da célula de combustível, eliminando, por completo, o uso dos derivados de petróleo e os motores de combustão interna e, por via de consequência, a contaminação ambiental)”, prevê.

Entretanto, para que esta situação se concretize o mais cedo possível é fundamental que os gestores públicos se conscientizem da necessidade de uma assessoria técnica especializada, séria e competente, para dar o indispensável respaldo técnico-científico e consistência às suas decisões, potencialmente capazes de afetar a qualidade de vida de milhões de pessoas. Sem este reconhecimento, a sociedade continuará a pagar, ainda por muito tempo, um preço descabido pelas iniciativas equivocadas dos seus mandatários.