Witold Piotr Stefan Lepecki
Posse: 1991
Falecimento: 2023
Cadeira: 72
Patrono: Francisco de Assis Magalhães Gomes
O brasileiro/polonês Acad. Witold Piotr Stefan Lepecki chegou ao Brasil aos 3 anos junto com a família que veio refugiada da segunda Guerra Mundial. Aqui, foi parar em Belo Horizonte (MG) onde cresceu. Cursou Engenharia Civil na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e fez também especialização em Ciências e Técnicas Nucleares. Após concluir a graduação, foi para a França fazer doutorado ,na Universidade de Paris, em Física de Reatores.
De volta ao Brasil, retornou a Belo Horizonte e foi trabalhar na chefia da área de reatores nucleares no Instituto de Pesquisas Radioativas. Na década de 70, foi convidado para trabalhar na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e, em seguida, na sua subsidiária Companhia Brasileira de Energia Nuclear (CBTN), no Rio de Janeiro. A empresa recebeu, entre outras, a incumbência de planejar e executar um programa nuclear para o Brasil, daí resultando um amplo programa industrial, tendo como parceiro e transferidor de tecnologia a Alemanha.
O Acad. Lepecki participou de várias etapas deste empreendimento, tendo inclusive sido diretor de uma subsidiária da NUCLEBRAS na Alemanha. Retornando ao Brasil, em 1979, passou a integrar a NUCLEN, a subsidiaria dedicada à engenharia das centrais nucleares projetadas e construídas conjuntamente com os alemães, a começar de Angra 2 e 3.
Em 1997, Acad. Witold Lepecki passou para a recém-criada Eletronuclear onde ficou até se aposentar em 2001. Atualmente, é consultor na área de energia nuclear. De acordo com o especialista, a fonte nuclear, apesar de ser a forma mais segura de gerar energia, sofre com o desconhecimento e a falta de informação da sociedade. “Ela enfrenta muitos opositores, em função do medo que gera. As pessoas associam reatores à bomba. Mas tecnicamente essa é a forma mais segura de gerar energia elétrica. Os acidentes com emissão de radiação foram pouquíssimos: Chernobyl, na Ucrânia, e Fukushima, no Japão, mas as pessoas se sentem à mercê. O avião, estatisticamente, é a forma mais segura de viajar, mas ninguém acredita…”, diz.
Para o Acad. Lepecki, o país precisa investir mais na fonte nuclear. “O Brasil tem uma matriz energética baseada na matriz hidráulica, mas os locais aproveitáveis estão terminando. As usinas que tinham para ser construídas já foram; então devemos criar uma nova forma de energia que seja limpa. A energia solar e a eólica são boas, mas são energias intermitentes e não de base como a hidráulica. Grandes potências, como França e Estados Unidos, estão adotando a energia nuclear como energia de base, limpa e econômica. O Brasil, acho, está atrasado na implantação de centrais nucleares”, afirma o especialista, ressaltando, no entanto, que o atraso a que se refere é em número de usinas e não em termos técnicos: “Nossas usinas estão operando muito bem. Angra 2 está entre as 10 melhores usinas do mundo, o que significa que os brasileiros assimilaram muito bem a tecnologia . Metade da energia elétrica do Rio de Janeiro é nuclear. Temos o ciclo completo da energia nuclear no Brasil. Temos capacidade de projetar e de operar e também dispomos do combustível nuclear. A reserva brasileira de urânio é a 6ª do mundo. Não há porquê não investir no setor”, finaliza.
Walter Arno Mannheimer
Posse: 1991
Falecimento: 2024
Cadeira: 83
Patrono: Fritz Feigl
Nasceu no Rio de Janeiro em 1932. Formou-se Engenheiro Químico pela Universidade do Brasil (atual UFRJ), e obteve o Mestrado e Doutorado em Ciência dos Materiais pela Carnegie-Mellon University. Após uma década de atividade industrial, ingressou em 1967 como docente na UFRJ, aposentando-se em 2002.
Foi Chefe do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais nos períodos 1967-1974 e 1992-1994, e nomeado Professor Titular por concurso em 1993. De 1974 a 1991 foi Chefe do Departamento de Materiais do CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da Eletrobrás. Suas áreas de pesquisa são microscopia dos materiais, materiais de interesse do setor elétrico e corrosão, tendo mais de 75 trabalhos publicados. Ministra as disciplinas de Caracterização Microestrutural dos Materiais e Microscopia dos Materiais.
É membro da Academia Brasileira de Ciências, e Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico. Recebeu em 2002 o Sorby Award da International Metallographic Society.