O diretor Guilherme Velho e o presidente Mário Menel

O presidente da Academia Nacional de Engenharia (ANE), Mário Menel, o diretor Guilherme Jorge Velho e o Acadêmico Jerson Kelman participaram como painelistas do Encontro Nacional do Setor Elétrico (Enase) 2023, realizado em junho, no Rio de Janeiro. Em sua 20ª edição, o evento teve como tema central:  “construindo caminhos para o futuro do setor elétrico brasileiro”.

Neste processo de mudanças e dificuldades, a necessidade de elaborar uma pauta de interesses comuns para nortear o desenvolvimento do setor elétrico é consenso entre os agentes do setor que participaram do painel “Visão dos agentes: os caminhos para os avanços dos negócios no setor elétrico”.

“Vamos buscar os pontos em comum para apresentar ao Ministério de Minas e Energia que deve arbitrar sobre a questão”, disse Mário Menel, que participou do evento representando a Abiape e o Fase, entidades que também preside.

Para Rodrigo Ferreira, os agentes devem se unir em torno de uma pauta mínima que busque mais eficiência, mais equilíbrio, menos assimetria e sem subsídios; que seja capaz de gerar um mercado seguro com mais inovações, sustentabilidade e com um processo de formação de preços mais eficiente. “Devemos nos unir em torno do que desejamos para o setor elétrico para propor um mundo da eletricidade melhor para a sociedade e para a indústria brasileira”, disse.

O desequilibro estrutural entre oferta e demanda e a insegurança jurídica foram mencionadas pelo diretor Guilherme Velho como questões que exigem atenção. “Mexer em direitos adquiridos gera instabilidade jurídica. É preciso garantir o que está em contrato e criar  novas modalidades de concorrência, de preferência, criando dispositivos novos sem alterar aqueles já estabelecidos”, avaliou Guilherme Velho.

De acordo com os especialistas, passamos por um momento de aparente tranquilidade, mas não podemos esquecer de problemas conjunturais do setor e a transição energética merece atenção. “Essa é uma bandeira mundial, mas não pode colocar em risco a segurança do fornecimento que já tem um custo implícito. Não podemos promover o aumento de custos via subsídios. É preciso retomar a atenção às fontes perenes e os investimentos em transmissão são fundamentais”, avaliou Alexei Vivan da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE).  Transição energética e mercado livre também foram abordados durante as falas dos especialistas.

Acadêmico Jerson Kelman diz que estamos em uma rota insustentável

Jerson Kelman se mostrou preocupado com a crise do setor

Pessimista com o cenário, o Acadêmico Jerson Kelman, ex-presidente da ANA e
ex-diretor geral da Aneel, disse que o setor passa por uma grave crise econômica e está em uma rota insustentável. “Não é uma crise motivada por falta de energia, como ocorreu em 2001 e era fácil de detectar, mas uma crise por questões econômicas do setor elétrico. O caso da Light (que pediu recuperação judicial) pode ser o primeiro de outros. Estamos em uma espiral da morte”, lamentou Kelman, que encerrou sua fala com um tom mais otimista. “Espero que o pacto em torno de uma pauta mínima  dê certo e o setor elétrico volte a tomar conta do setor elétrico”, concluiu o Acadêmico que participou do painel “20 anos de Enase: o olhar sobre a evolução do setor elétrico – Revisitando o passado para vislumbrar o futuro”, que encerrou o primeiro dia do evento.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que por motivo de agenda não pôde comparecer à abertura, enviou uma mensagem aos participantes. O ministro falou dos investimentos no setor e do Programa Nacional de Transição Energética em discussão no Conselho Nacional de Política Energética. A fala do ministro pode ser conferida aqui.