Jerzy Zbigniew Leopold Lepecki (Membro Fundador)

Posse: 1991
Cadeira: 142
Patrono: Lucas Nogueira Garcez

O Acad. Jerzy Lepecki chegou ao Brasil em 1939, aos 10 anos de idade. Veio com a família em busca de uma nova vida longe da guerra. Inicialmente, os Lepecki foram para Curitiba (PR) onde havia uma grande concentração de imigrantes poloneses e depois para Belo Horizonte (MG), onde a família reconstruiu a vida.  Na capital mineira se formou em Engenharia Civil pela UFMG e iniciou a carreira de engenheiro como estagiário das Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig).

“O processo de eletrificação do Brasil estava recomeçando e até aquele momento a maior parte das empresas do setor era privada. Para sanar alguns dos problemas que existiam com elas, foram criadas aos poucos empresas de economia mista, hoje conhecidas como estatais.  Inicialmente funcionavam muito bem por não terem a ineficiência das empresas do governo e, ao mesmo tempo, terem algumas vantagens pelo fato de apresentarem acionistas governamentais”, lembra o engenheiro, que fez três especializações nos Estados Unidos.  Na Cemig, Acad. Lepecki chegou à chefia do Setor de Cálculos Elétricos e Planejamento do Sistema.

Ao sair da companhia, Acad. Lepecki fundou uma empresa de construção de redes de distribuição e outra de projetos de instalações de energia elétrica em alta tensão. Mais tarde trabalhou nas Centrais Elétricas do Pará (Celpa), onde exerceu os cargos de Diretor Técnico e Presidente. Posteriormente, assumiu, em sequência, as funções de Diretor de Operações, Diretor Técnico e Membro do Conselho das Centrais Elétricas de São Paulo (Cesp). Em 1973, ingressou na Eletrobrás. Na empresa foi um dos fundadores e Diretor Geral do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), onde ficou até 1991, quando se aposentou.

Fora das atividades puramente profissionais, engenheiro Acad. Lepecki atuou em organizações técnicas nacionais e internacionais.  Em particular teve bastante atuação no CIGRÉ – Conseil International de Grands Reseaux Electriques, instituição internacional com sede em Paris. Foi presidente do Comitê Nacional Brasileiro do CIGRÉ e posteriormente presidente do CIGRÉ internacional.  Publicou também vários artigos técnicos em revistas nacionais e internacionais.

Com a experiência de quem atuou vários anos no setor elétrico, e ainda se dedica ao estudo do assunto, o engenheiro diz que o Brasil passa por uma fase de mudanças.  “Durante muitos anos nosso sistema foi hidroelétrico.  Agora está em transição para hidrotérmico, o que já ocorreu em outros países.  A mudança é inevitável”, afirma o especialista, ressaltando que o Brasil apresenta ótimas condições para o aproveitamento das energias eólica e solar.  “Temos boas condições para as usinas eólicas porque aparentemente os ventos são mais constantes e a diversidade é tal que eles se complementam.  Outra vantagem é que ainda temos os reservatórios hidrelétricos, então se temos muito vento podemos reduzir o uso das hidrelétricas e guardar a água nos reservatórios para utilizar na falta de ventos”, explica o engenheiro, que lamenta o fato do índice de usinas com reservatórios ser cada vez menor.

“A verdade é que o Brasil está indo bem na área de energia eólica.  Está construindo parques e se preparando na parte técnica.  Precisamos ver a parte legal e administrativa”, diz Acad. Jerzy Lepecki, que defende também o uso de energia nuclear.   “São usinas que trabalham praticamente sem parar durante todo o ano.  São caras para construir, mas baratas para operar”, afirma o engenheiro que recebeu diversas condecorações como Fellow do Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE), Membro Honorário do Conseil International des Grands Reseaux Electriques-CIGRÉ e CIGRÉ-Brasil, Centenial Medal do IEEE, Medalha de Mérito Santos Dumont (Aeronáutica), Ordem do Mérito Científico (Comendador), Medalha da Vitória (ex-combatentes poloneses no Brasil), Cruz de Ouro da Ordem de Mérito (Governo polonês).