Carmen Velasco Portinho

Atual Ocupante: Djalma Mosqueira Falcão
Posse: 2016

Carmen Velasco Portinho (Corumbá, 1903 — Rio de Janeiro, 2001) foi uma engenheira, urbanista e feminista brasileira. Em 1919, lutou junto à Bertha Lutz e outras mulheres pelo direito ao voto. Foi vice-presidente da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino e uma das co-fundadoras. Terceira mulher a se graduar em engenharia pela Escola Politécnica da Universidade do Brasil, foi a primeira mulher a ganhar o título de urbanista.

Carmen era filha de Francisco Sertório Portinho, gaúcho, e de Maria Velasco, boliviana. Mudou-se ainda bastante jovem, em 1911, para o Rio de Janeiro, onde logo envolveu-se com os movimentos feministas. Era ativista pela educação de mulheres e pela valorização do trabalho feminino fora da esfera doméstica. Graudou-se em 1925 na Escola Politécnica da antiga Universidade do Brasil, hoje a Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Casou-se no início dos anos 1930 com o médico Gualter Adolpho Lutz (1903-1969), irmão de Bertha Lutz, do qual se separou poucos anos depois. Casou-se novamente com Afonso Eduardo Reidy, um arquiteto brasileiro que projetou o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Em 1926, assim que se formou, foi nomeada engenheira-auxiliar pelo então prefeito do Distrito Federal, Alaor Prata. Foi professora do Colégio Pedro II.

Conseguiu uma bolsa do Conselho Britânico para estagiar em comissões de reconstrução e remodelação das cidades inglesas destruídas pela guerra para complementar seus estudos em urbanismo. Sua experiência no exterior a fez sugerir ao então prefeito do Rio de Janeiro a criação de um Departamento de Habitação Popular para sanar a falta de moradas populares, conceito introduzido por Carmen.

Na década de 1950, Carmen, então diretora do Departamento de Habitação Popular, propôs a construção do conjunto residencial ‘Pedregulho’, no bairro de São Cristóvão, cujo projeto arquitetônico ficou sob a responsabilidade de seu marido, Afonso Eduardo Reidy.

Assumiu a construção do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e em 1963 tornou-se diretora da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), a convite do governador da Guanabara, Francisco Negrão de Lima. Carmen dirigiu a ESDI por 20 anos.

Carmen faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 25 de junho de 2001, aos 96 anos.

Fonte da Pesquisa: https://pt.wikipedia.org/wiki/Carmen_Portinho

A ideia de transferir a capital federal do Rio de Janeiro para outra localidade não era nova. Quando Carmen defendeu seu doutorado em urbanismo em 1939, fica evidente seu interesse pela nova disciplina introduzida nos currículos de engenheiros e arquitetos, o urbanismo. Várias concepções arquitetônicas inovadoras foram idealizadas a partir de 1928 em congressos e simpósios internacionais, aliados às teses urbanísticas de Le Corbusier. A nova concepção da arquitetura moderna era a de organizar a área residencial de centros urbanos em unidades de habitação, separando as funções em um centro administrativo e de negócios, com ênfase em um sistema viário eficiente e equacionado.

Tomando como exemplo as ineficientes cidades construídas em séculos passados, Carmen queria dar dinamismo e função aos novos centros urbanos, já que nenhuma dela atendia às quatro funções primordiais do urbanismo: habitação, transporte, trabalho e recreio. Segundo Carmen:

(…) nada mais nos restava a fazer senão abandonar todos os padrões antigos de traçados de cidades – que só servem para ilustrar os clássicos livros de urbanismo – todas as tentativas fracassadas de remodelação desses traçados e procurar a solução do nosso problema na aplicação de estudos feitos para a cidade dos tempos modernos[6].

A única mulher em um canteiro com mais de 450 operários, Carmen comandava todas as decisões referentes à obra. O museu, que lutou por dois anos para sair do papel, em 1954, era de concepção de Afonso Eduardo Reidy, com uma estrutura toda metálica na Avenida Beira-Mar. Além do urbanismo, Carmen também avançava pelas artes plásticas, consciente do papel do museu para a arte local e para o novo projeto urbanístico do Rio de Janeiro. Carmen organizou e realizou várias exposições de arte e arquitetura, levando nomes brasileiros renomados para o exterior, como os de Ivan Serpa, Fayga Ostrower, Arthur Luiz Piza – todos jovens ligados à arte abstrata – e arquitetos, como Oscar Niemeyer, Alcides Rocha Miranda, Jorge Moreira e Affonso Eduardo Reidy.