João Martins da Silva Coutinho

Atual Ocupante: João Irineu Medeiros

A trajetória profissional de João Martins da Silva Coutinho relaciona-se à história do Museu Nacional (Rio de Janeiro), para cujas coleções, principalmente geológicas, ele contribuiu com informações científicas e remessa de material.

No cenário científico brasileiro, participou de grandes comissões de caráter exploratório na segunda metade do século XIX, especialmente na Amazônia e no Nordeste. Coletou e enviou amostras para análise no Museu Nacional,
estabelecendo profunda relação com a instituição e seus funcionários. Apresentam-se essas contribuições por meio da análise de documentos e da recuperação das coleções geológicas por ele remetidas e ainda presentes no acervo da instituição.

Entre 1875 e 1876, o engenheiro João Martins da Silva Coutinho (1830-1889) ocupou o cargo de diretor da Terceira Seção do Museu Nacional, e, apesar da curta permanência, sua contribuição à instituição é relevante, pois nas décadas anteriores e posteriores, fez doação do material geológico que coletou nas diversas expedições das quais participou.

Sua atuação profissional foi marcada pelo engajamento em diversas comissões constituídas no século XIX, como a Comissão Científica de Exploração, que funcionou entre 1859 e 1861, a Expedição Thayer realizada entre 1865 e 1866, e, por três vezes, representou o Brasil em exposições universais. Além disso, Silva Coutinho atuou na definição do território nacional através da demarcação das fronteiras e da exploração de áreas e rios ainda pouco conhecidos
da Amazônia.

Vale salientar que o país ainda estava em processo de desenhar seu território e ocupar áreas mais remotas, sobre as quais o governo detinha pouco controle. Seu nome também está ligado às ferrovias, pois foi responsável por estudos e pela implantação de longos trechos de estradas de ferro, visando ao desenvolvimento econômico e à integração nacional.

Silva Coutinho percorreu o espaço urbano e rural, a Corte e diversas províncias, além de ter estado em contato com os índios que então, muitas vezes de forma idealizada, eram um tema caro à literatura.

Silva Coutinho nasceu no município de São João da Barra, no Rio de Janeiro, em 1º de maio de 1830 e faleceu em Paris em 11 de outubro de 1889. Era filho do militar, escritor e político Fernando José Martins da Silva e de Maria Joaquina Barreto de Faria Sua formação deu-se na antiga Escola Militar, em que frequentou o curso de engenharia, ocupando a posição de alferes-aluno. Concluído o curso e formado bacharel em matemática e ciências físicas entre os melhores alunos, Silva Coutinho seguiu carreira no Corpo de Engenheiros no Exército. Entre as atividades exercidas foi opositor interino de matemática e
ciências físicas e naturais, opositor efetivo na mesma cadeira, repetidor e professor de desenho na Escola Central. Permaneceu como militar até 1865 quando deu entrada no pedido de desligamento, deixando para trás sua patente de major à qual fora promovido por merecimento no mesmo ano.

Como militar engenheiro, na década de 1850 foi adjunto do Observatório Astronômico (então ligado à Escola Militar) e inspetor-geral de medição de terras públicas, posição que ocupou na província do Pará. Nos últimos anos dessa década, Silva Coutinho atuou como geólogo adjunto ao lado do engenheiro Guilherme Shüch, barão de Capanema (1824-1908), na expedição da Comissão Científica de Exploração (também conhecida como Comissão das Borboletas,
Comissão do Ceará ou Imperial Comissão Científica), realizada por iniciativa do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) para explorar as províncias do Norte e Nordeste, com início no Ceará. Apesar da existência dessas duas fontes (que derivam uma da outra), o engenheiro efetivamente participou das atividades.

Em 1863, Silva Coutinho teve a primazia da localização dos depósitos de fósseis de invertebrados do Paleozoico na região do vale do Tapajós, na província do Pará. Em 1864, por requisição do “Ministério dos Negócios Estrangeiros”, foi membro da comissão, com sede em Belém, cuja incumbência era firmar os limites de fronteira do Brasil com o Peru; nessa missão assumiu a chefia, substituindo o capitão-tenente José da Costa Azevedo (1823-1904), futuro
barão de Ladário e ministro da Marinha em 1889.

Fonte: Laurindo Leal e extratos de “Silva Coutinho: uma trajetória profissional e sua contribuição às coleções geológicas do Museu Nacional”. Marina Jardim e Silva, Antonio Carlos Sequeira Fernandes, Vera Maria Medina da Fonseca. https://doi.org/10.1590/S0104-59702013000200006.