Francis Bogossian

Posse: 1993
Cadeira: 22
Patrono: Antonio José da Costa Nunes

A bem sucedida carreira de engenheiro, empresário e professor, o Acadêmico Francis Bogossian deve ao pai que não o deixou abandonar a Escola Nacional de Engenharia para seguir a vida de diplomata. “Meu pai era imigrante armênio e tinha  lojas no Saara, no Centro do Rio de Janeiro. Seu desejo era que eu seguisse seus passos na loja, mas ao final do ginasial, optei pelo científico, visando o curso de Engenharia. No entanto, no período básico, o excesso de disciplinas, como matemática, física e química, que lecionava e adorava, me decepcionou. Queria ver engenharia e estava às voltas com as matérias do científico. No final do segundo ano, teria abandonado o curso se meu pai tivesse permitido”, lembra Francis Bogossian.

Pressionado pelo pai, o Acadêmico seguiu a faculdade, descobriu e se apaixonou pela Geotecnia. Na Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ), onde se graduou em Engenharia Civil, Francis Bogossian passou de aluno a professor. “Estava recém formado quando fui convidado para dar aulas de Mecânica dos Solos”, conta o Acadêmico, que lecionou cerca de 10 anos na instituição, além de dar aulas em uma universidade privada onde exerceu, por 30 anos, também os cargos de regente de disciplina, diretor da escola de engenharia, decano do Centro de Tecnologia e Pró-Reitor.

Francis Bogossian fez especialização em Mecânica dos Solos, das Rochas e Barragens, na ASTEF/França e estágio de aperfeiçoamento no LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil/Portugal. Iniciou a carreira como estagiário na Tecnosolo, onde chegou ao cargo de Superintendente. Saiu da empresa para fundar a Geomecânica em 1972. “Mais uma vez, meu pai foi fundamental. Ele cuidava das minhas finanças e aplicava o que sobrava -, quase o salário todo. Com isso, tive recursos para abrir a minha empresa – após o boom da bolsa de valores no início da década de 70”, lembra.

O Acadêmico acompanhou os estudos, projeto e obras da Ilha Artificial de Areia Branca no Rio Grande do Norte para a TERMISA. Venceu, já com a sua empresa, a concorrência para os estudos geotécnicos para as obras civis de Carajás no estado do Pará.

Como engenheiro, coordenou os estudos geotécnicos de campo e de laboratório executados pelas empresas Geotecnica e Tecnosolo, onde trabalhou, tanto para a Ponte Rio-Niterói como para o Metro-Rio. Envolveu-se em estudos geológico-geotécnicos para diversos aproveitamentos hidroelétricos, dentre os quais cita-se: Cotingo (Roraima), Santa Isabel (Tocantins), Campos Novos e Itá (Santa Catarina), Cachoeira Porteira (Pará), Salto Iguaçu (Paraná), Paredão (Rondônia) e Cutabão (São Paulo). Além de estudos visando projetos finais de engenharia rodoferroviária pelo território nacional.

Dedicou-se desde a fundação de sua empresa em 1972 a estudos de fundação de plataforma de produção de Petróleo para Petrobrás, seu cliente desde 1973. Concebeu um método brasileiro para investigações geotécnicas em mar aberto o que chamou de “Sino de Sondagem” economizando divisas para o país. Desenvolveu o equipamento CPT pioneiro para lâmina d’água profunda, para o projeto dos primeiros poços dos Campos de Marlim e Albacora.

Paralelo às atividades de engenheiro, professor e empresário, Francis Bogossian participou da diretoria e de conselhos de várias entidades. Foi presidente do Clube de Engenharia, da AEERJ, e da ABMS e Vice Presidente de ABENGE, ANE, CET-FIRJAN – CIRJ e da Sociedade Internacional de Mecânica dos Solos, entre outras. É membro da Academia Brasileira de Educação e da Academia Panamericana de Ingenieria.

Ao fazer um balanço de sua carreira, Francis Bogossian destaca os professores Fernando Barata e Costa Nunes. “Além do meu pai, eles foram fundamentais para eu seguir na carreira e conseguir nela crescer. Muito do que aprendi foi com esses mestres”, ressalta o Acadêmico, que defende mudanças no curso de engenharia. “A formação básica deve ser mais atraente para evitar que o jovem abandone o curso. Ele precisa iniciar o curso e começar a lidar logo com a engenharia. Repetir só matérias do ensino médio é desanimador” afirma o engenheiro.