Foto: Andréa Antunes

Com o objetivo de valorizar a engenharia brasileira e homenagear o Acadêmico Pedro Carlos da Silva Telles, falecido este ano, a Academia Nacional de Engenharia (ANE) criou o Prêmio Silva Telles, concedido a profissionais da engenharia, membros ou não da ANE, que tiverem contribuído para a divulgação da importância da engenharia nacional com livros, artigos, depoimentos sobre a história da engenharia brasileira.

A criação do prêmio foi oficializada em Sessão Plenária da entidade, no final de novembro. A primeira edição ocorrerá em 2021 e a outorga da premiação deverá fazer parte das comemorações pelos 30 anos da Academia. “Esse prêmio tem como objetivo valorizar aqueles que contribuem para crescimento da engenharia brasileira e também este grande nome da engenharia nacional, nosso colega, Pedro Carlos da Silva Telles, um historiador da nossa engenharia”, disse o presidente da ANE, Francis Bogossian.

A indicação de nomes para receberem o prêmio deve ser feita por um membro da ANE a qualquer momento, apoiada por outro acadêmico, e submetida à diretoria.  Além do nome indicado será preciso apresentar a contribuição histórica do candidato à engenharia.  Uma vez aprovada pela diretoria, será designado um relator para apresentar o candidato na Sessão Plenária que deverá avaliar a indicação.  O regulamento pode ser conferido aqui.


Engenheiro Professor Acadêmico Pedro Carlos da Silva Telles

  • Por Flavio Miguez de Mello para a Academia Nacional de Engenharia

Falecido em 2020 deixando importante vácuo na Engenharia e na História, o professor Pedro Carlos da Silva Telles vem de extensa tradição familiar de brilhantes engenheiros. Nascido em Petrópolis em 25 de fevereiro de 1925, cidade que na época ainda respirava os ares da extinta Monarquia, Silva Telles foi formado em engenharia em 1947 pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, hoje Escola Politécnica da UFRJ.

A partir de sua formatura teve extensa e brilhante carreira, tendo trabalhado no Arsenal de Marinha, na Shell do Brasil e na Petrobras por longos anos. Redigiu ou supervisionou a edição de 50 normas técnicas. Silva Telles se dedicou, desde cedo, ao ensino da engenharia, tendo transmitido valiosos conhecimentos aos seus alunos da UFRJ, do IME e em cursos na Petrobras.

Silva Telles concedeu expressiva contribuição à história da engenharia brasileira através e profundas pesquisas, inúmeras conferências, diversos artigos e livros que elevaram o conceito da engenharia brasileira no país e no exterior. Além de livros técnicos publicados, destacam-se os livros sobre a história da engenharia e dos engenheiros, entre os quais os mais relevantes foram “História da Engenharia no Brasil”, “História da Construção Naval no Brasil”, “História da Engenharia Ferroviária no Brasil”, “Escola Politécnica da UFRJ – A mais Antiga das Américas, 1792: das Origens à Atualidade” e “Notáveis Empreendimentos da Engenharia no Brasil”. O primeiro livro dos acima mencionados foi impressionante trabalho de pesquisa de enormes fontes e referências históricas que resultou no Prêmio Jabuti. O último livro dos acima mencionados foi lançado no Instituto Histórico e Geográfico do Brasil há poucos anos, quando Silva Telles já havia superado os noventa anos de vida e já combalido pela avançada idade.

Silva Telles participou ativamente em diversas entidades de engenharia e de história, destacando-se a Academia Nacional de Engenharia na qual foi admitido em 1996 na cadeira 92 cujo patrono era Henrique Lage, a Sociedade Brasileira da História da Ciência, a Academia Brasileira de Engenharia Militar, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e a Associação dos Antigos Alunos da Politécnica.

Há alguns poucos anos, ao iniciar a reformulação dos patronos da Academia, estive na residência do Silva Telles que, com paciência e dedicação, me instruiu sobre os patronos até então existentes na Academia. Foi a última vez que estive com ele e guardo dele sempre lembranças as mais amáveis.